Vamos a
um pequeno exemplo de como a Cultura gera lucro para o país, amiguinhos? Vou
falar só da minha área, que é a música, tá?
1-
Existem fábricas de instrumentos musicais e equipamentos eletrônicos
(microfones, caixas de som, cabos, mesas de som, etc). Para isso, precisam de
matéria-prima (madeira, componentes elétricos, etc).
a) O que
os fornecedores já pagaram ao governo? IMPOSTOS. Para que? Licenciar sua marca,
gerar empregos diretos e indiretos, etc.
b) As
fábricas de instrumento pagam o que? IMPOSTOS!
c) O que
essas fábricas geram? EMPREGOS
d) Onde
está o governo nisso? FATURANDO! Viva!!!
2-
Existem lojas que vendem esses instrumentos e equipamentos. Existem também os
estabelecimentos que os consertam quando necessário.
a) O que
as lojas pagam? IMPOSTOS
b) O que
as lojas geram? EMPREGOS. Ah!! E LUCRO pro setor anterior, né?
c) Onde
está o governo nisso? FATURANDO MAIS. Oba!
3- Alguém
comprou um instrumento e precisa aprender a tocá-lo. E agora?
a) entra em uma escola de música particular que (ora vejam) pagam IMPOSTOS e
geram EMPREGOS
b) paga
um professor particular, gerando EMPREGO
c) adquire material didático (livros, songbooks, vídeo-aulas, etc) que, é
claro, foram produzidos por outras empresas que pagam (adivinhem?) IMPOSTOS e
geram EMPREGOS em todos os processos de elaboração, edição, impressão,
distribuição, licenciamento, vendas. O que todo esse processo gerou? EMPREGOS
nas editoras, produtoras, gráficas etc. E, se temos outras empresas envolvidas
nesse setor, além de empregos pagaram IMPOSTOS.
d) Onde está o governo? FATURANDO!
Mas, claro que há também a vergonhosa opção de mamar nas tetas do governo
ingressando em uma escola pública de música ou projeto social. Ridículo, visto
que o governo só investiu nesse vagabundo e não ganhou um centavo até ele chegar na porta da escola
com seu instrumento em mãos.
Poderia parar por aqui, mas vou continuar
4- Este novo instrumentista estuda, estuda, estuda e decide se tornar um
profissional. Procura, então, lugares para tocar.
a) Qual a lógica de um estabelecimento
(bar ou restaurante) ao investir em música? Atrair o público e fazer com que
este público queira permanecer lá e voltar ao estabelecimento em outros dias –
logo, que possa consumir mais. Consumo gera... LUCRO para o estabelecimento
b)
Tendo
LUCRO, o estabelecimento (que, por sua vez, já gerou EMPREGOS, pagou IMPOSTOS e pagou
fornecedores, repetindo o item 1) continua funcionando – ou seja, gerando
EMPREGOS e pagando IMPOSTOS
c) Onde está o governo? FATURANDO!
5- O novo
músico começa a procurar casas de shows maiores. Estabelecimentos que, por sua
vez, pagam IMPOSTOS, geram EMPREGOS. Contrata uma empresa de consultoria de
imagem (empresa = EMPREGOS E IMPOSTOS) Contrata uma consultoria jurídica e de
gerenciamento de carreira (mais EMPREGOS E IMPOSTOS).
Manda suas músicas para uma editora (outra empresa envolvida gerando EMPREGOS E
IMPOSTOS). Até aqui, o governo está só FATURANDO
6- O músico começa a fazer sucesso e suas músicas não param de tocar no rádio
que, por sua vez, paga concessão ao governo para funcionar. Mais FATURAMENTO!
7- É necessário rodar o Brasil e fazer uma turnê. Contrata-se uma empresa de
eventos (empresa = IMPOSTOS E EMPREGOS).
Empresas de som, luz, marketing, segurança, todas as licenças e avais
necessários para a realização de um evento. Tudo isso = EMPREGOS E IMPOSTOS
8- Vamos gravar um DVD? Contratamos mais uma empresa (IMPOSTOS E EMPREGOS)
Nâo, eu ainda não acabei.
9- Pode
ser que esse músico não consiga um grande sucesso comercial. Porém, ele
continua vivendo de sua profissão. Frequenta estúdios para ensaiar (estúdio =
empresa = EMPREGOS E IMPOSTOS). Faz a manutenção de seus instrumentos (cordas,
palhetas, correias, capas... tudo isso é comprado e, se é comprado, já sabem).
Dá aulas. Trabalha como freelancer em projetos de outros músicos, continua
tocando em bares, restaurantes, eventos, etc. Ou seja, continua fazendo essa
roda econômica girar.
Toda esse rede econômica é APENAS relativa à música. Sequer falei de tantas
outras facetas da cultura – inclusive o cinema brasileiro que chega a Cannes
mais uma vez. Só digo o seguinte: antes de chegar até sua execução final, pense
em todo o lucro que esse filme gerou para o governo seguindo esse mesmo
raciocínio.
Portanto,
meus caros, quanto maior o investimento em Cultura, mais lucro para qualquer
país (os de primeiro mundo sabem disso há muito tempo). Além de gerar lucro
para o governo desde a hora em que decidimos aprender música, geramos arte.
Levamos alegria, sentimento, envolvimento, paixão. Mas, claro, isso não importa
muito nos dias de hoje. Mas, se o que importa é a grana, aí está o nosso
superávit.